
O reconhecimento precoce de infecção grave pode permitir intervenção igualmente precoce com medidas de suporte à vida e medidas terapêuticas, melhorando os resultados no enfrentamento da doença, portanto, importa identificar um marcador preditivo da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) em instalação ou instalada, bem como um marcador de mortalidade em pacientes com COVID-19 para a alocação de recursos humanos e de suporte/tratamento.
O novo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), em primeira onda, se espalhou da Ásia para o resto do mundo, causando a pandemia da COVID-19., com consequências sem precedentes na saúde humana e na economia global. Todas as faixas etárias (idades) e populações (pessoas) podem ser infectadas e eventualmente adoecer pelo SARS-CoV-2.A doença mais grave parece ser comum entre idosos e entre indivíduos portadores de comorbidades: doenças cardiovasculares, doenças metabólicas, doenças respiratórias e doenças neoplásicas (câncer) . Clinicamente, a COVID-19 varia de apresentação assintomática ou subclínica, passando por quadros moderados, e culminando em casos com curso grave de doença, incluindo disfunção orgânica, choque, SDRA, lesão cardíaca aguda e morte.
Informação em volume crescente em caráter exponencial vem a ser fundamental no conhecimento da doença, devendo ser submetida a revisão sistemática que consolide os achados para entender os preditores de doença leve, moderada e grave, assim como os efeitos de diferentes tratamentos. Revisão sistemática, meta-análise e meta-regressão permitem estabelecer o valor preditivo de investigações laboratoriais para doenças graves, assim como permitem avaliar e validar eventos adversos, bem como avaliar a eficácia de drogas antivirais e anti inflamatórios como os corticosteróides para a COVID-19.
Diversas bases de dados foram pesquisadas para identificar estudos que relataram características clínicas e resultados de tratamento de pacientes com COVID-19. As medidas de desfecho primário foram taxa de admissão em unidade de terapia intensiva (UTI), taxa de letalidade/mortalidade e taxa de SDRA (insuficiência respiratória).
A taxa de admissão na UTI foi usada como marcador para infecção grave.
As medidas de desfecho secundário incluíram: insuficiência respiratória, choque séptico, coagulopatia, lesão cardíaca aguda, lesão renal aguda, infecção secundária, tempo de internação hospitalar e taxa de alta.
Nos estudos incluídos nesta análise, a taxa de admissão na UTI entre os diagnosticados comm COVID-19 foi de 10,9% e a de mortalidade foi de 4,3%. A SDRA evoluiu para insuficiência respiratória em 16,2% dos pacientes. A segunda e terceira complicações mais comuns observadas foram infecções secundárias (8,7% dos pacientes), incluindo pneumonia associada ao ventilador ou adquirida no hospital e lesão cardíaca aguda (7,8% dos pacientes).
Quanto aos preditores laboratoriais, houve aumento da contagem de leucócitos (P <0,0001), aumento da alanina aminotransferase (P = 0,024), aumento do aspartato aminotransferase (P = 0,0040), LDH elevado (P <0,0001) e aumento da procalcitonina (P <0,0001), nas admissões na UTI. LDH elevado (P <0,0001) previu a SDRA. Aumento da contagem de leucócitos (P = 0,0005) e LDH elevado (P <0,0001) previram mortalidade. A linfopenia não foi preditor de admissão na UTI, SDRA ou mortalidade.
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